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Caso Bernardo: pai e madrasta são processados por tortura e negligência

Caso Bernardo: pai e madrasta são processados por tortura e negligência

Já condenados e cumprindo pena por homicídio, Leandro e Graciele respondem por fatos anteriores à morte do menino

Mesmo já condenados e cumprindo pena por homicídio, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini seguem respondendo à Justiça por outros crimes envolvendo Bernardo Uglione Boldrini, em Três Passos. A criança foi morta em abril de 2014, aos 11 anos.

Os dois estão sendo processados com base em previsões da Lei de Tortura, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Código Penal. Nesta quinta-feira (12), ocorre uma audiência para depoimento de testemunhas.

 

O pai e a madrasta respondem por terem feito Bernardo passar por intenso sofrimento mental (tortura, crime hediondo), por abandono material — que é a negligência nos cuidados a ele, como a falta de alimentação —, e por submetê-lo a vexame e a constrangimento, que é uma previsão do ECA. A ação foi de iniciativa do Ministério Público, que avaliou que mesmo já havendo um processo pelo homicídio à época (2016), esses outros crimes não poderiam ficar sem punição, por se tratarem de "fatos anteriores e que não possuem relação com a execução do homicídio".

Para exemplificar o segundo fato da denúncia, que trata de vexame e constrangimento, o MP citou as vezes em que Bernardo era impedido de entrar em casa por não ter as chaves ou porque a madrasta se negava a abrir o portão. Essas situações obrigavam o menino a perambular pela cidade. 

A acusação refere que o casal deixava o menino por dias na casa de amigos, sem demonstrar qualquer interesse em seu retorno para casa, além de não dar atenção à vida escolar dele e a eventos, como festas no colégio e até a primeira comunhão. Como terceiro fato da denúncia, o MP discorreu sobre ameaças e castigos que Bernardo sofria em casa. No julgamento ocorrido em março, os promotores chegaram a apresentar gravações dessas situações, feitas por Boldrini. 

Em uma delas, Bernardo grita 31 vezes por socorro. Na acusação, o promotor diz que os réus expuseram a vítima a intenso sofrimento mental com intuito de lhe aterrorizar e que isso deixou Bernardo sem referências de uma vida saudável. Também foi registrado que o menino era impedido de ter contato com a irmã mais nova — filha de Boldrini com Graciele — e que constantemente ouvia ofensas contra a mãe falecida.

Por fim,  a acusação destacou que Bernardo sofria ameaças até de morte, como na gravação em que Graciele diz: "Prefiro apodrecer na cadeia do que ficar contigo na mesma casa incomodando", "vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro".





Autor: Comunitária 87.9FM

Data da Postagem: 13/12/2019 10:43:00

Fonte: As informações são da Gaúcha ZH