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Calendário, tensão e apelo ao bom senso: pontos que marcaram a reunião de suspensão do Gauchão

Calendário, tensão e apelo ao bom senso: pontos que marcaram a reunião de suspensão do Gauchão

Uma reunião entre diretores da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e representantes dos clubes participantes do Gauchão definiu a suspensão por 15 dias da competição, em prevenção à pandemia de coronavírus. O encontro da manhã desta segunda-feira foi marcado por momentos de tensão no debate, sobretudo pelo calendário dos clubes do interior, e apelos ao bom senso.

Os dirigentes começaram a chegar à sede da FGF por volta das 9h30. Entre cafés e conversas reservadas, os participantes da reunião entraram no auditório pouco depois das 10h. Cerca de meia hora depois, a imprensa teve acesso ao local por apenas três minutos, para registro de fotos, mas não vídeos.

Naquele momento já era possível sentir a tensão no ar. Durante sua manifestação, o presidente do Aimoré Ronaldo Vieira pedia a solidariedade de clubes com maior poderio financeiro – Grêmio e Inter – para que o campeonato seguisse com portões fechados.

A partir daí a decisão foi tomada em privacidade. As portas do salão foram abertas após mais de uma hora de debate. O presidente do Grêmio Romildo Bolzan Jr. foi o primeiro a sair, e, apressado, anunciou a parada por 15 dias. Em seguida, o presidente da FGF Luciano Hocsman concedeu entrevista coletiva para explicar a decisão.

 

Calendário apertado e debate tenso

Um dos principais pontos abordados pelos dirigentes foi a calendário apertado e falta de datas para realizar os jogos adiados. Afinal, clubes como Aimoré, Esportivo e Novo Hamburgo são os únicos participantes do Gauchão que não disputam quaisquer séries do Campeonato Brasileiro no segundo semestre.

Empurrar o Gauchão abril adentro implicaria em mudar o planejamento financeiro desses clubes. Grande parte do elenco do trio possui contratos até a primeira semana de abril. Conforme a legislação, é possível renovar os vínculos pelo período mínimo de um dia. Mesmo assim, o trio prevê prejuízo econômico caso isso ocorra.

 

Antes da votação, o presidente do Aimoré Ronaldo Vieira chegou a sugerir que Grêmio e Inter abrissem mão de parte de suas cotas de TV para ajudar financeiramente os clubes do interior. Ideia que não teve força para debate e logo foi descartada.

O presidente do Aimoré defendeu com unhas e dentes o seguimento da competição com portões fechados. E também divergiu de pontos colocados em pauta pela dupla Gre-Nal. Segundo o dirigente, há uma incoerência no apelo feito por segurança dos jogadores, já que Grêmio e Inter seguirão seus treinamentos nos respectivos CTs. O próprio Aimoré suspendeu os treinos por tempo indeterminado.

– Quer dizer que para jogar não dá porque tem o perigo de transmissão. Então quem vai transmitir o vírus são os clubes do interior? Por que o presidente do Grêmio e os representantes do Inter disseram que não tem como parar seus treinamentos, continuarão a partir de hoje, mas para jogar não dá? Então tem uma incoerência da dupla Gre-Nal nessa posição – protestou.

Apesar de não ter se expressado de maneira tão contundente, o presidente do Novo Hamburgo Raul Hartmman seguiu a linha do clube de São Leopoldo. O mandatário disse que se viu com as mãos atadas por enfrentar uma decisão que já estava tomada.

– Não teve muito debate aqui. Acho que já era uma decisão meio que tomada. Tem colegas aí com a situação muito difícil. Tem que entender o presidente Luciano (Hocsman), foi uma pressão muito grande. Ele fez o melhor para os clubes, para o torcedor e para o futebol gaúcho. Não chegaram a fazer maioria, mas tava meio a meio. Grêmio, Inter, Juventude e Brasil claro que foram favoráveis a paralisar, têm contrato com atletas, têm calendário – disse.

 

 

Apelo ao bom senso

Apesar das divergências de alguns clubes, prevaleceu a decisão da maioria e o apelo ao bom senso dos clubes. Grêmio, Inter, Brasil de Pelotas, Juventude e São José defenderam a paralisação temporária. O Esportivo queria prosseguir os jogos com portões fechados, mas acatou a opinião dos demais clubes.

Queriam a continuidade o Novo Hamburgo e o Caxias. Mas o Anilado preferia uma paralisação com compensação financeira ao clube, o que não teve. Já o time da Serra sugeriu prosseguir com jogos de três em três dias em média, como domingo e quarta-feira. Sugestão também descartada.

– A gente sabe que tinha posições divergentes, entendemos. Se os clubes tivessem uma deliberação de continuar o campeonato, daqui a pouco podia vir uma deliberação do Sindicato dos Atletas paralisando.Ficamos em uma posição difícil perante o público. O bom senso predominou, o campeonato vai parar e a gente vai encontrar neste período uma forma de minimizar os prejuízos que cada clube vai ter – destacou o presidente do Juventude, Walter Dalzotto Jr.

Não tiveram representantes presencialmente o Pelotas, São Luiz e Ypiranga – todos por questões de logística. O trio participou via mensagens de WhatsApp e ligações de telefone.

O Lobão foi favorável à suspensão após decisão da maioria, mas fica na espera de um posicionamento da CBF sobre as datas para concluir o Estadual. O Rubro defendia o término do campeonato sem rebaixamento e com campeão a decidir, mas a sugestão não teve apoio. O Ypiranga não se manifestou oficialmente sobre sua posição.

 





Autor: Comunitária 87.9 FM

Data da Postagem: 17/03/2020 06:16:00

Fonte: G1