Policiais civis e federais protestam contra Reforma Administrativa no Rio Grande do Sul
Servidores da Polícia Civil, da Polícia Federal e do Instituto Geral de Perícias realizaram na manhã desta quarta-feira várias manifestações de protesto contra a Reforma Administrativa que atinge o funcionalismo federal e estadual. Houve também paralisações pontuais no turno. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados já aprovou o relatório da PEC 32 no mês passado. A votação será levada agora para o plenário e depois ao Senado.
Em Porto Alegre, a Ugeirm Sindicato, Sinpol/RS e Sindiperícias/RS organizaram um ato na calçada do Palácio da Polícia, na avenida João Pessoa, no bairro Santana. O protesto teve a participação do Sindiguardas RS e da Associação dos Guardas Municipais de Porto Alegre.
Já o Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul (Sinpef/RS) promoveu a concentração no saguão da sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, na avenida Ipiranga, no bairro Azenha.
O vice-presidente da Ugeirm Sindicato e presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região Sul (Feipol-Sul), Fabio Castro, avaliou que a mobilização da categoria foi "forte" no RS, SC e PR. Ele observou ainda que está ocorrendo uma carreata de policiais civis nesta tarde em Brasília.
O dirigente explicou que as manifestações foram realizadas para “chamar a atenção e reforçar que a Reforma Administrativa é um engodo tremendo, pois não moraliza o serviço público, não qualifica e não aperfeiçoa”.
Fabio Castro advertiu que o efeito da proposta de emenda parlamentar conhecida como PEC 32 será o contrário. “Ela retrocede aos patamares anteriores ao ano de 1988 e vai botar mais de 90 mil cargos na mão do governo federal para poder nomear seus apadrinhados políticos”, alertou.
“A Reforma Administrativa não atinge em nenhum aspecto os segmentos mais privilegiados do serviço público”, frisou, citando como exemplos os casos do Poder Judiciário e do Ministério Público, além dos militares e políticos. “Ela vai atingir em cheio principalmente os serviços que a população mais necessita, como educação, saúde e segurança pública”, previu Fabio Castro.
Já o presidente do Sinpef/RS, Julio Cesar Nunes dos Santos, ressaltou o fim da estabilidade do funcionalismo público como outra consequência da PEC 32. “Todo o sistema de segurança pública está incluído neste processo”, afirmou. “Nossa preocupação foi a forma açodada como está sendo proposta, sem uma discussão”, complementou.
“Nos preocupa é a questão da estabilidade, que é uma prerrogativa necessária pois os policiais investigam por vezes autoridades e políticos de toda ordem e nível. Imagina tirar a estabilidade, pois hoje o servidor é afastado, o que já traz muitos prejuízos”, disse. “Imagina o servidor ser botado para fora por estar investigando um figurão”, resumiu o dirigente.
Julio Cesar Nunes dos Santos constatou ainda que a Reforma Administrativa não “traz nada muito claro”. De acordo com o presidente do Sinpef/RS, a PRC 32 deixa “tudo em aberto para ser regulamentado em lei complementar e não sabemos como vai ser”. Para ele, as contratações serão "por indicação política”.
“Cada governo vai fazer conforme achar melhor e isto traz um prejuízo enorme. O serviço público existe para servir a sociedade e não o governo. O enfraquecimento do serviço público interessa quem? De onde vieram estas propostas? ”, concluiu.
Autor: Rádio Comunidade
Data da Postagem: 23/06/2021 16:10:00
Fonte: Correio do Povo /Foto: Alina Souza / CP
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