Início Notícias Projeto do governo retira direitos do programa Jovem Aprendiz Voltar

Projeto do governo retira direitos do programa Jovem Aprendiz

Projeto do governo retira direitos do programa Jovem Aprendiz

Um projeto do governo Bolsonaro, que está prestes a ser votado na Câmara dos Deputados, retira direitos de quem participa do programa Jovem Aprendiz.

A Carol foi contratada como auxiliar de escritório no início de 2020, e a oportunidade está mudando a vida da jovem, que mora numa comunidade do Rio. Durante o expediente de quatro horas, ela pode trabalhar e estudar.

“Acho que isso é muito importante. Conhecimento ninguém te tira, né? Enquanto você está aprendendo, você está se desenvolvendo”, diz Carolaine Silva de Souza, jovem aprendiz e estudante de psicologia.

A Lei do Aprendiz entrou em vigor em 2000 e determina que empresas grandes e médias reservem parte das vagas para jovens entre 14 e 24 anos. A primeira chance para o Juan foi numa loja de roupas. Enquanto aprende, ele ganha experiência e garante o sustento da família.

"Eu me sinto extremamente útil nesse emprego. Porque eu não estou só ajudando a empresa, eu estou ajudando cada pessoa que trabalha aqui”, afirma o jovem aprendiz Juan Matheus.

O Congresso pode aprovar uma lei mudando a forma de contratação desses jovens. Discute-se uma emenda à Medida Provisória que criou o programa emergencial para enfrentar o desemprego na pandemia. Ela cria o Regime Especial de Trabalho Incentivado, Qualificação e Inclusão Produtiva (Requip), que acaba com o vínculo empregatício e torna facultativa a contribuição das empresas à Previdência. Além disso, benefícios como o vale-transporte de jovens como o Juan podem ser eliminados.

“Se eu não tivesse vale-transporte, não conseguiria vir trabalhar. Ia ter que tirar do meu salário”, diz Juan.

“Quando se tira todos os direitos, parece que você está retrocedendo tudo que a gente conquistou até aqui”, afirma Carol.

Graças à Lei da Aprendizagem, a Carol consegue trabalhar na administração da empresa, recebe cursos de qualificação profissional, e ainda sobra tempo para a faculdade de Psicologia. Com as mudanças na lei, os jovens deixariam de receber o salário com todos direitos trabalhistas para ganhar uma bolsa ou bônus. Além disso, a carga horária para o aprendizado seria reduzida de 400 para 180 horas por ano.

O Ministério Público do Trabalho divulgou um manifesto contrário ao projeto. E mais de 300 movimentos, instituições e organizações assinaram a carta em que afirmam que a lei pode prejudicar milhares de jovens.

“Essa série de direitos e aprendizagens são essenciais para que a gente possa manter o jovem com direitos garantidos, não retrocedendo aos projetos que nós tínhamos antigamente, que entendia o jovem apenas como mão de obra, não como um sujeito de direito”, ressalta Rennan Ferreira, coordenador do Fórum Nacional de Aprendizagem .

“Você precariza de uma forma absurda a mão de obra dessa população justamente mais vulnerável, que está iniciando uma carreira profissional, e isso pode ser extremamente nocivo para o seu futuro”, alertou o superintendente do CIEE-RS, Lucas Baldisserotto.





Autor: Comunitária 87,9 FM

Data da Postagem: 11/08/2021 16:52:00

Fonte: Por Jornal Nacional /Foto:Divulgação