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Rios gaúchos sentem efeitos da falta de chuva

Rios gaúchos sentem efeitos da falta de chuva

A falta de chuva não castiga apenas a agricultura e a pecuária do Estado. Os rios sentem os efeitos em função da estiagem prolongada. Dessa maneira, o nível da água fica mais baixo e rapidamente aparecem bancos de areia em trechos onde antes até havia navegação. As margens também passam por transformações, exibindo vegetação, raízes e o lixo acumulado.

As pessoas que dependem dos rios para sobreviverem, seja em atividades como a pesca, captação de água para consumo pessoal, dos animais e irrigação de lavouras, sofrem enquanto o clima não muda. A equipe do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) vistoria a bacia do rio Gravataí para verificar as condições atuais. Com o atual nível abaixo dos 50 centímetros, a captação de água para a indústria e agricultura acontece de maneira intercalada (dia sim, dia não), mas o consumo urbano permanece normal.

A situação do rio é avaliada como crítica. “A bacia do Gravataí possui uma situação muito peculiar, pois envolve grandes usuários (abastecimento público e irrigação) que necessitam de acesso à água em quantidade e qualidade. Por conta dessa situação, o Comitê Gravatahy (que gerencia a bacia hidrográfica do rio) mediou um acordo entre os usuários, em que foram estabelecidos níveis de alerta e de criticidade para a bacia. Além disso, a Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) encaminhou ofício aos irrigantes que possuem licença para captação, informando sobre a necessidade de atenção ao acordo”, esclarece a Sema.

O monitoramento dos rios no mapa gaúcho evidencia o cenário de incertezas. “A última semana apresentou uma piora significativa com o declínio no nível dos rios monitorados. Portanto, a condição hidrológica é de alerta em função da baixa disponibilidade hídrica para as bacias do Santa Maria, Ibicuí, Negro, Taquari, Guaíba, Baixo Jacuí, Caí, Sinos, e Alto e Médio Uruguai. As demais bacias estão em condição hidrológica de atenção”, registrou a Sala de Situação da Sema.

“Em função da falta de chuva e a consequente redução do regime hidrológico da bacia do Gravataí, deverão ser adotadas as restrições já impostas no ofício encaminhado aos empreendimentos que têm lançamento, de redução de 30% da vazão sempre que o respectivo rio estiver abaixo de sua condição de vazão de referência”, salienta a Fepam.

Notícias ruins

As previsões climatológicas para os próximos dias não são alvissareiras, o que deve ocasionar mais problemas para os rios. “Se a gente for comparar setembro, outubro e novembro de 2020, em termos de chuva, com o mesmo período deste ano, até choveu mais na atual temporada na Região Metropolitana e no RS. Porém, precisamos lembrar que é o segundo ano consecutivo do La Niña e de chuva irregular em partes do Estado. Os rios baixaram mais cedo este ano e os efeitos aparecem antecipadamente. A mesma situação acontece no setor agrícola, porque a soja está enfrentando dificuldades de plantio em função de o solo estar mais seco.

Apesar de ter chovido um pouco mais em relação ao ano passado, ainda que abaixo da média e de forma irregular, os efeitos da estiagem começam a aparecer mais cedo. O La Niña vai seguir e tende a atingir sua maior intensidade no início de janeiro, mas vai influenciar todo o período do verão mantendo o cenário desfavorável para a chuva. Janeiro deve ser um pouco 'menos pior' em relação aos meses seguintes como fevereiro e março, quando a estiagem deve se agravar mais”, detalha a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia.

Na prática, isso significa que a falta de chuva deve persistir, o que não é surpresa para quem frequenta a orla do Guaíba para apreciar o pôr do sol, caminhar ou praticar atividades físicas. É visível como o nível do Guaíba está baixo. A última medição apontou 58 centímetros na Estação Caís Mauá C6, o que corresponde à condição de alerta. O cenário deve permanecer dessa forma até o retorno da chuva. Ainda é cedo para as pessoas se preocuparem com um possível racionamento na Capital. “O risco de falta de água pela estiagem é baixo em Porto Alegre. Contamos com o Guaíba, um manancial formado por outros quatro rios, cuja vazão média é de 2,1 milhões de litros de água por segundo. Períodos longos de estiagem e chuvas irregulares, alteram a qualidade da água bruta, mas as captações de água do Dmae estão localizadas em profundidades que suportam níveis baixos do lago. Mesmo assim, reforçamos que a população utilize a água de forma racional, evitando o desperdício”, explica o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia.





Autor: Rádio Comunidade

Data da Postagem: 28/12/2021 16:00:00

Fonte: André Malinoski / Foto: Alina Souza