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Mudanças climáticas e guerra na Europa em pauta no 32º Fórum Nacional da Soja

Mudanças climáticas e guerra na Europa em pauta no 32º Fórum Nacional da Soja

Discussões a respeito das questões climáticas no Brasil, além do comércio internacional de grãos e insumos em tempos de guerra na Europa foram discutidos no 32º Fórum Nacional da Soja, realizado em meio à 22ª Expodireto Cotrijal. O evento foi na manhã desta terça-feira, em um Auditório Central cheio, e teve como palestrantes Ernesto Eduardo de Miranda, pesquisador da Embrapa Territorial, que falou de forma virtual, e Marcos Sawaya Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, cuja palestra foi presencial.

Na abertura do evento, autoridades falaram sobre a importância dos debates para o desenvolvimento não apenas da soja, mas de toda a cadeia produtiva relacionada ao agro. Ernesto foi o primeiro a falar. De acordo com ele, utilizando dados de diversas fontes, o Brasil tem cerca de um terço de sua área territorial somente de áreas em local de preservação, ou mais de 282 milhões de hectares. “185 países são menores do que isto”, disse ele.

Somando áreas protegidas, preservadas e de conservação, como parques nacionais, o número sobe para dois terços do território, ou 564 milhões de hectares, equivalente à área de 48 países da Europa. O pesquisador da Embrapa ressaltou ainda que “nenhuma categoria profissional protege tanto o meio ambiente quanto o produtor rural”. “O agro criou um modelo de agricultura sustentável e competitivo sem paralelo no mundo, ainda mais em terras tropicais”. Criticou aqueles que, conforme Ernesto, “acusam o produtor rural de vilão”.

Falou ainda sobre as mudanças climáticas, citando o resultado de 21 estudos que, combinados, mostram que está havendo um aquecimento sustentado em escala global, e que a tendência deve se manter para o futuro. Mas, quando concentrados em realidades locais, os dados se tornam imprecisos e divergentes. Comentou também sobre a importância da irrigação, como aspecto tecnológico que deve ser considerado para impulsionar ainda mais a produção, mas pontuou que a legislação para permitir sua maior exploração deve ser alterada.

Na sequência, Jank abordou primeiramente a exportação de grãos, que esteve, em 2021, “em níveis nunca antes vistos”, segundo ele, por uma demanda aquecida na Ásia, especialmente China. E o complexo soja é responsável por 40% das vendas brasileiras ao exterior, não apenas considerando os grãos, mas todos os produtos. No ano passado, foram mais de US$ 40 bilhões exportados apenas da soja, aumento de 35% de 2020 para 2021. Ressaltou que duas grandes áreas geográficas devem se sobressair no futuro próximo: o Brasil e parte do Mercosul, especialmente Argentina, e o Leste Europeu, englobando locais como Turquia, oeste da Rússia e Ucrânia.

Justamente estes dois países estão em guerra atualmente, por isso, o professor acredita que há motivações econômicas relacionadas ao plantio que motivam o conflito. “Rússia e Ucrânia representam 30% da exportação mundial de trigo. E a Ucrânia, 4º maior exportador global de milho, tem solos de alta produtividade. A Rússia tem 100 milhões de hectares à disposição para o plantio e é uma ameaça pois é gigante nos fertilizantes, pois também é gigante em energia, petróleo e gás natural. Ou seja, energia barata. Aqui no Brasil, a energia é cara”, disse Jank.





Autor: Rádio Comunidade

Data da Postagem: 08/03/2022 15:57:00

Fonte: Felipe Faleiro /Foto: Guilherme Almeida