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Cigarros eletrônicos: quais os riscos e problemas do uso por adolescentes e adultos

Cigarros eletrônicos: quais os riscos e problemas do uso por adolescentes e adultos

Os cigarros eletrônicos têm se popularizado com força no Brasil, virando uma febre entre adolescentes e adultos. Diferentemente dos tradicionais, são mais tecnológicos: são alimentados por uma bateria que armazena nicotina líquida, água, aromatizantes e outras substâncias. Os dispositivos, no entanto, podem causar riscos à saúde. Eles têm a presença de elementos tóxicos, causam dependência, além de doenças pulmonares e cardíacas, segundo especialistas. 

Os cigarros eletrônicos também são denominados como e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn. Já entre o público consumidor, costumam ser chamados de vapes ou pods. A aparência dos dispositivos varia bastante, entre os mais chamativos, repletos de estampas diferentes, ou discretos. Para quem não quer chamar atenção, há alguns semelhantes a canetas ou pen drives.  

Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos, os quais o órgão se refere como Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF). A partir desta segunda-feira, a Agência está coletando evidências técnicas e científicas sobre os aparelhos.  

Embora a venda dos cigarros eletrônicos seja ilegal, numa rápida busca pela internet é possível encontrar sites comercializando os produtos. Em um dos endereços eletrônicos conferidos pela reportagem, o mais barato dos modelos convencionais sai por R$ 159,90, contendo na caixa uma "vape pen", além de duas bobinas e um cabo USB. Na mesma loja, outro vape, mas desta vez “de luxo”, custa R$ 679,90, tendo no combo duas baterias de 2500 miliamperes (MAH), um tubo de vidro e uma bobina em malha. Há ainda a opção de vapes descartáveis na faixa de R$ 80, que dão até 1,5 mil tragadas. 

Perigos à saúde  

A extensão dos problemas que os cigarros eletrônicos podem causar nas pessoas ainda é pesquisada por especialistas. A chefe do Serviço do Pneumologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Marli Knorst, destaca que, a partir de pesquisas intermediárias, os dispositivos podem ser bastante prejudiciais à saúde por utilizarem diferentes substâncias e serem uma porta de entrada para muitas pessoas se viciarem na nicotina. “O cigarro eletrônico é um trampolim para viciar na nicotina. Não é uma alternativa inofensiva. Ele tem substâncias que são tóxicas também”, afirma. “O cigarro eletrônico aumenta a resistência nas vias aéreas, e a qualidade do ar fica contaminada. Além disso, os aromas podem causar câncer”, acrescenta.  

Segundo Marli Knorst, o acesso aos dispositivos é muito fácil, tornando comum que crianças e adolescentes, por não conhecerem direito os possíveis prejuízos à saúde, acabem fazendo uso dos vapes. “Quanto mais precoce tu ficas dependente, pior é. Na fase da adolescência, todos os órgãos estão se desenvolvendo. Uma criança e um adolescente não têm condições de decidir. Às vezes. eles não se preocupam que vão desenvolver alguma doença quando chegar na faixa dos 40 anos, por exemplo”, enfatiza. 

De acordo com a médica, quando uma pessoa faz uso de um cigarro eletrônico, ela tem um pico cerebral, sendo este um dos fatores da causa do vício.  A pneumologista destaca que além dos problemas pulmonares, o manuseio dos cigarros eletrônicos também pode ser perigoso. “Tem relatos de casos de queimadura, de explosão desse mecanismo no bolso, na mão ou na boca do indivíduo. Nós tivemos entre 2017 e 2018, uma epidemia de lesões graves. Teve caso de gente que teve que fazer transplante de pulmão”, diz.  

Outro ponto importante sobre os cigarros eletrônicos é trazido pela chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, Carisi Polanczyk. A médica ressalta que os dispositivos podem trazer riscos para o coração. “Os cigarros eletrônicos causam prejuízo muito semelhante ao tabagismo, causando uma alteração nos vasos sanguíneos”, destaca. O tabagismo, conforme a médica, é um dos principais fatores que levam a problemas cardíacos, como AVC isquêmico e infarto. 

A cardiologista tem visto que as pessoas por vezes optam pelos cigarros eletrônicos por terem alguns “benefícios” em comparação com os tradicionais, já que os usuários não costumam ficar com os dentes e unhas amarelados com a utilização. 

Um vício pelo outro 

De acordo com a pneumologista Marli Knorst, é comum que pessoas precisem ir ao Hospital de Clínicas por conta de complicações com os cigarros eletrônicos. “A gente volta e meia têm pacientes que tentaram usar os cigarros eletrônicos para parar de fumar os cigarros tradicionais, mas acabou não dando certo”, destaca. 

Há parte da população, relata a médica, que acaba fazendo o uso conjunto dos cigarros eletrônicos com os tradicionais, o que traz ainda mais prejuízos para a saúde. “As pessoas continuam ficando viciadas na nicotina. É um vício pelo outro”, afirma. Segundo ela, uma das alternativas para deixar de fumar são os adesivos especiais para fumantes, que diminuem os picos no cérebro durante as tragadas, e ajudam a diminuir a dependência da nicotina.  

Já Polanczyk chama atenção para outra combinação muito perigosa: o cigarro eletrônico com o álcool. “O álcool em excesso também está relacionado com doenças, como insuficiência cardíaca”, afirma.  “Se eles (cigarros eletrônicos) não são legalizados, as pessoas não devem consumir. Até não sabermos com profundidade os riscos, eles devem ser vistos como tão prejudiciais quanto os cigarros tradicionais”, pontua.  





Autor: Comunitária 87,9 FM

Data da Postagem: 11/04/2022 16:40:00

Fonte: Lucas Eliel /Foto: Eva Hambach / AFP / CP Memória